O networking é seu. A culpa é sua.

Muita gente reclama muito sobre a efetividade de redes sociais. E aí? Elas funcionam para um bom networking ou não?

Vamos começar fazendo uma auto avaliação. Isso vai ser importante para você entender porque seu social networking é ruim.

  • Qual foi a última vez que você entrou em contato com algum colega antigo, para saber como ele está?
  • Qual foi a última vez que você clicou em algum link compartilhado por alguém e fez algum comentário depois?
  • Qual foi a última vez que você compartilhou algo com seus amigos? Que escreveu para eles?

As respostas devem ter sido: “faz tempo” ou “nunca”. Mais um detalhe: compartilhar ou reagir a meme não conta. Todos ignoram memes.  Chances altas de que apenas os mais chatos da sua rede entopem sua timeline com memes. E os mesmos figuras até acertam, mas muito mais pela insistência que pela qualidade.

Você faz isso. Chance de que todos, na sua rede, também fazem. Então é novidade que o seu costume é o da maioria? O problema começa com…

O Rei na Barriga

As pessoas que mais reclamam de networking normalmente são as pessoas que menos fazem ou se importam com networking. Só acessam ou curtem aquilo que foi muito curtido. Não arriscam a dar um primeiro passo. Não “curam” conteúdo alheio. Não se expõem. Porém, quando a vida obriga, são os primeiros a buscar na rede ignorada de contatos por ajuda, auxílio e etc.

Em primeiro lugar: a quantidade de enlatados em cada rede social ultrapassa em muito o espaço de uma timeline diária. Uma pessoa não lê toda sua timeline, portanto, há grandes chances que aquele Post não seja lido por ninguém.

Você não faz isso. Você não dá bola ao conteúdo alheio, não compartilha suas idéias e nao interage. Muitas vezes porque não gosta de se expor… E eu sinto muito.

Sinto muito porquê você entendeu tudo errado.

Networking basicamente gera exposição. Então em que planeta um comportamento para evitar exposição vai gerar exposição? Pois é. Aí o networking falha, há uma dissonância cognitiva resolvida com “o problema são os outros”.
Lógico: eles. Não apreciam sua grandeza…

A exposição em redes sociais

Eu já achei que não é bom se expor em redes sociais. Andei mudando de ideia na medida em que usei direito a ferramenta. Nunca gostei de ter centenas de contatos. E isso foi, sem querer, um acerto.

Curiosamente, comecei o repositório com um networking muito fraco em termos de rede social, mas bastante forte nos bastidores: meus times sempre tiveram abertura para buscar conversar comigo e não é raro quando algum deles entra em contato. Muitos curtem minhas publicações. Porque? Porque eu dedico tempo a eles. Nunca deixei de responder a email dos meus colegas. Skype, mensagens de texto, whatsapp… Isso é networking.
E em redes sociais, é a mesma coisa. Só que mais aberto.

Seu comportamento vai ditar o quanto você vai se expor, mas isso não é o mais importante. O mais importante é O QUE você vai expor e para QUEM.

Seus contatos são tudo.

Quem você deve manter

Quem não quer fazer networking, não faz. Então como decidir quem ficar na sua rede? Lista de requisitos:

  • Pessoas a quem você interessa, que curtem o que você compartilha. Que interagem. (Seja gentil, retribua)
  • Pessoas que vão falar bem de você
  • Pessoas que lhe interessam (por conteúdo, histórico pessoal)
  • Contatos de estimação (aqueles que vc tem porque gosta. Tipo adicionar o Zuckerberg no Facebook)

Não tenha:

  • Fakes
  • Spammers
  • Zumbis
  • Desafetos
  • Celebridades

O pepino dos contatos zumbis

Ter 500 contatos no LinkedIn não lhe resolve nada. Ter um caminhão de gente que não interage, não lê o que você compartilhou e não liga a mínima para o que você faz, não ajuda em nada. Até atrapalha.

Por exemplo: você adiciona aquele Head Hunter acreditando que ele vá achar seu perfil maravilhoso. “O escolhido”. Mas… Você não é o escolhido. Você é mais um. O Pequeno Príncipe ensina isso:

Sua flor lhe dissera que ela era a única do seu tipo em todo o universo. Ali haviam outras cinco mil, todas iguais, em um único jardim!

Então você está jogando seus esforços em vão. Vamos melhorar isso? Faxine. Não tenha medo de apagar pessoas.

Faxina nos contatos

Se você colaborar com os outros e nunca levar nada em troca, considere faxinar sua rede. Eu recomendo iniciar dando o benefício da dúvida. Tente entrar em contato, comentar algum compartilhamento. Faça o seu lado. E espere a troca. Se não houver e não interessar, apague o contato. Para ajudar, algumas dicas:

Faxina nível 1: limpeza sanitária.

Primeiro é muito fácil: remova os fakes. São o Spam personificado (veja a Dica 57). Exclua perfis de loja que colocam propaganda de produtos que não lhe interessam. Exclua os Head Hunters que só tem você ali para terem contatos a pesquisar (e que dificilmente vão te chamar). Lembre-se que para estes, você é só mais um. Lembre-se da rosa… E isso já deve dar uma bela limpada.

Segundo passo: Pessoas que você não conhece: segunda etapa. Eu sugiro não fazer um apagamento a queima-roupa. Mande uma mensagem de boas vindas. Exemplo da que eu uso:

Oi,

Sou o Ricardo Tafas e estou revisando alguns contatos. Não recordo de termos nos conhecido, então, costumo me apresentar, pelo menos por aqui.

Sou engenheiro, trabalho com sistemas digitais e gestão de pessoas. Costumo escrever e compartilhar minhas experiências em alguns artigos no meu blog. Visite http://161.35.234.217

Por favor, escreva de volta se apresentando também. Talvez possamos compartilhar alguma experiência.

Bem vindo à minha rede!

Ricardo Tafas

Se responder (pode ser que a pessoa esteja no mesmo transe que você estava e não responda), caso queira, faça um followup. Eu não costumo mais fazer isso. Dificilmente se torna um contato ativo.

Terceiro passo: pessoas que você não gosta. aquele ex-chefe que você não gosta? Aquele estagiário, que não queria nada com nada? Desafetos? Em resumo: remova as pessoas que potencialmente falariam mal de você.

Até aqui, é o que eu chamo de tirar o entulho e limpar o lugar. A parte dois é tirar o lixo.

Faxina nível 2: tirar o lixo.

Depois, de tirar os contatos obviamente indesejados, vamos aos contatos inúteis. Redes sociais estão repletas de zumbis sociais. Lembre-se que na parte anterior, você não curtia e nem interagia com ninguém… Talvez agora considere isso. O lado bom de não ser “o escolhido” é que você também não está sozinho: você não é um herói, mas não é o mega vilão. Vale a pena dar mais uma faxinada e excluir um pouco mais de contatos…

Pessoas que não lhe agregam. Segundo nível de faxina começa a pessoalizar ainda mais a coisa… Dos seus contatos, quais não interessam? O seu corretor de imóveis, interessa? O estagiário com quem você trocou um oi, o cara do TI que configurou seu computador uma vez na vida. Lhe interessam?

E bem provável que não. Experimente nestes casos mandar alguma mensagem. Se não houver resposta, você já sabe o que fazer.

Pessoas a quem você gosta de ler. Eu fiquei curioso quando descobri que tinha mais seguidores que contatos. E isso é interessante: eu, em minha ignorância, não sabia que você pode seguir alguém sem adicionar a pessoa.

Havia um monte de gente que compartilha coisas legais nas redes sociais, mas que eu não conheço. Não vou entrar em contato. Não vai interagir comigo. O único item positivo é: gosto de acompanhar as publicações da pessoa. O que fiz? Removi dos contatos. Mas passei a seguir. Recomendo fazer isso.

Ponha a coisa para andar: tire o pó de sua rede social

Eu tenho a teoria que algumas coisas são iguais a bote salva-vidas. Você cuida e mantém para o caso de, quando precisar, ele estará ali. É interessante a relação entre utilidade percebida versus esforço desempenhado… Pode ser que você navegue décadas sem precisar do bote, mas naquela única vez que ele venha a ser necessário, pode salvar sua vida. Agora, se ele estiver furado, é melhor nem contar com este bote… E nadar bastante.

Networking é algo preventivo: Você mantém ele vivo e bem cuidado e torce para nunca depender dele, mas caso isso venha a acontecer, ele está lá.

Agora vamos ao questionário com que eu abri o artigo. Do monte de pessoas que vocês viram “agradecendo pela recolocação após meses”, quantos vocês acham que estão cuidando do networking? Eu acompanhei alguns estranhos que “apareceram” no meu linkedin com tal agradecimento. Dos 5 que observei, eles não interagiram com ninguém. Eu espero que eles sejam muito bons, senão, terão de enfrentar novos meses de desemprego de novo…

Está errado: networking você cria, cultiva e participa. É um “teamwork” em que você arrecada estranhos para desenvolver o produto “você”. Portanto, ninguém melhor que você mesmo para começar a mostrar-se. Comentar ideias interessantes… Escrever algum artigo. Escrever uma recomendação a um bom colega. Curtir uma publicação.

Isso é apenas o começo… Mas já é muito melhor que nada.

Networking precisa de investimento.

Networking é algo orgânico, tipo uma planta: ela não vive e nem dá flor se não for cuidada. Igual a rosa do Pequeno Príncipe:

-…Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob
a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

-Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

Vale a pena gastar um pouco de energia nisso. Porém, pode ser que isso seja para você, “centro do mundo“, “o escolhido“, “iluminado” a quem todos seguirão por você ser quem você é… Para estes, eu só aviso: se você quer algo que não dê trabalho, compre flores de plástico. Só não reclame depois porque não sente perfume das flores…

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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