Dicas de Carreira em Sistemas Embarcados (Resumo do Webinar para o Embarcados)

Dia 09/08/2017 eu e o Flavio Pivatti ministramos um webinar sobre carreira em sistemas embarcados. Abaixo, eu coloco os tópicos principais que discutimos.

PARTE 1: Nivelamento, Mudança de Paradigma.

O que é carreira de Desenvolvimento?

  • Carreira de desenvolvimento é o exercício de atividades para a criação de algo. É partir de uma matéria base e transformá-la em algo mais complexo, mais útil, mais funcional.
  • No caso de sistemas embarcados, é desenvolver produtos de forma multidisciplinar: software, hardware, lógica programável, firmware
  • Envolve criatividade, conhecimento técnico: diferente de um artista, o objetivo é demonstrar o conhecimento!

A relação entre Carreira e Tecnologia

  • Uma carreira é algo independente de tecnologia, mesmo para quem trabalha com tecnologia.
  • O engenheiro não é o hardware que projeta. O bom programador não se define pela linguagem. Embora divertida, a frase que programadores de alto nível programam em baixo nível não é verdade: Programadores tem alto nível independente da linguagem. Só que o mesmo também vale para quem é ruim no trabalho…

Mudança de Paradigma: A carreira deve andar, mesmo que a tecnologia pare.

  • Se a tecnologia mudar, a carreira deve acompanhar.
  • A Tecnologia define a carreira? NÃO! É a escolha de carreira que define em que trabalhar.
  • Uma pessoa é uma soma: conhecimento, emoções, habilidades, desejos…

Mudança de Paradigma: suas habilidades não garantem seu sucesso.

  • Ser especialista significa ser promovido? Ser o melhor técnico da empresa é garantia de sucesso?
  • No Livro Peopleware, conta-se o caso da programadora que não programava, mas todos os projetos em que ela participava eram um sucesso!
  • Um sujeito intratável, ácido e nocivo: promoção ou demissão? Equipes conseguem melhores resultados com indivíduos dispostos a cooperar, mesmo que tecnicamente fracos àquelas com indivíduos competentes, mas que não conseguem colaborar.

PARTE 2: A Organização das Empresas

Cargos Formais

Os cargos formais são os cargos que se ocupa após uma promoção.

  • Desenvolvedor: do júnior ao sênior. Mede-se o resultado e a proficiência.
  •  Coordenadores: devem garantir que tarefas aconteçam de forma organizada. Normalmente substituídos por gerentes de projeto.
  • Gerentes: devem garantir que a estrutura sob sua responsabilidade esteja funcionando. Envolve gestão de conhecimento, de pessoas, de tecnologia e de recursos.
  • Diretores: devem dirigir, no sentido de direção. Apontar o caminho.

Cargos Informais

No fundo, são estes que definem uma promoção.

  • O fodão: aquele que acerta tudo, de primeira, sem estresse e sem esforço. Pode ser um pouco arrogante ou egocênctrico, mas como é fodão mesmo, ninguém dá bola.
  • O Bom samaritano: aquele que ajuda todo mundo em seus projetos. As vezes esquece dos seus próprios projetos.
  • O Arrogante: se acha tanto quanto o fodão, muitas vezes compete com ele, mas não é fodão. Seria o “Babão” do Eu sou o Máximo.
  • O Chato: aquele cara que vive incomodando, entra em assuntos alheios, normalmente dando um fora.
  • O amigo do chefe. O puxa saco. Sem mais.
  • O Capacho: aquele que aguenta e engole todos os sapos, só para vomitar nos ouvidos dos colegas. Nunca tem boca para nada.
  • O Reclamão: nada nunca está bom. Tudo é ruim, a empresa é ruim. Tal qual o arrogante, normalmente contrasta com o fodão.
  • A Subestimada: ainda tem alguns caras que acham que mulher não serve para engenharia. A estes, damos uma clava e devolvemos para a caverna.
    • NOTA: Não existem estudos que indique que há uma redução de capacidade técnica dependente de gênero. O notório menor número de mulheres desenvolvendo embarcados se dá por questões de escolha, educação, culturais, familiares e etc. Seja como for, falta de capacidade ou de talento definitivamente não são argumentos.
    • Nota 2: Para todos os cargos acima, há versão masculina e feminina. Ok?

Organização Formal

  • Por projeto: equipes multidisciplinares organizadas por projeto. Manda o dono do projeto, do setor, do departamento. Famoso caso de “repartição”.
  • Por Tecnologia: o conceito de fábrica e linha de produção. O gerente de área manda e define quem entra ou sai. Pepino: se um gerente de projeto não cair nas graças do gerente de área, seu projeto para.
  • Misto: se o projeto der dinheiro, ele terá equipe fixa. Ponto. Se não der, o gerente de projeto acaba com o que sobra e fica mendigando recursos.

Organização Informal

Nem sempre é uma organização de fato, mas se avaliarmos a alocação das pessoas não seguem nem projeto, nem produto, nem tecnologia, nem nada.

  • No Grito: Os gestores que mais aterrorizarem os outros terão sua organização em funcionamento.
  • Tem recurso onde tem dinheiro. Os projetos são organizados pelo departamento comercial. Normalmente, o vendedor chega com o argumento: “se tiver isso vai vender”. Mas nunca se vende o que se tem.
  • Pet Project: algum sujeito de poder encasquetou que aquilo vai dar certo. Então o time vai fazer e vai ficar alocado naquilo até o diretor sair ou o produto entrar em linha.
  • Para inglês ver: organização de P&D para atender certificações . Normalmente temporária. Ou tropicalizar produtos: time que só serve para arrecadar incentivos.
  • Tropa de Choque: o time que sempre é alocado para corrigir as burradas dos trocentos estagiários contratados para manter custos baixos. Pode ser desmotivante… Porém, é sempre uma excelente oportunidade.

Parte 3: Objetivos Pessoais.

Sucesso?

  • O que define sucesso? Cada um tem seu conceito, não é universal. Para uns o sucesso pode ser um cargo maior, outros em trabalhar no que gosta e ter tempo para a família.
  • Quem é o seu chefe, no fim das contas, na empresa? VOCÊ MESMO!

Carreira

  • O que é? É movimento do profissional para ocupar posições de maior destaque devido ao seu aumento de conhecimento, de qualidade, de maturidade.
  • Plano de carreira: trilha de possíveis cargos. Um mapa rodoviário. Para descontrair: Carreira em Y.

Empregabilidade

  • Como garanto meu emprego?
  • Sendo útil, cumprindo suas atividades.
  • Cuidando de sua saúde e de sua vida. Workaholic não é qualidade! Perfeccionismo não é qualidade!
  • Cuidando do seu networking.

As Qualidades que você precisa.

Trecho roubado do Autodesenvolvimento.

  • Paciência: para não pular for a antes do tempo certo.
  • Resiliência: para aguentar os altos e baixos.
  • Desapego: pois resultado não é tudo que importa.
  • Etica: de nada adianta ficar se foi as custas dos demais.
  • Conhecimento: sem saber nada, dificilmente se vai longe…

PARTE 4: Mais alguns Paradigmas…

A Mania de se achar Tony Stark, o Ironman…

  • O mito do grande inventor.
  • Nosso trabalho é social.
  • Equipes mais fortes chegam mais longe.
  • Se fala muito em trabalho em equipe que parece corrida de bastão… só que não.

O trabalho em equipe

  • Saber conviver com os colegas, como um ser social.
  • Entender limitações: saber o momento de ficar quieto, o momento de criticar ou incentivar
  • Você cuida da sua imagem? Higiene? Pois saiba que isso faz parte do convivio social!

Ética

  • Como durar no cargo se não for de outro jeito? Com o tempo, tudo se acumula.
  • Regra da mão direita para ética: não fazer aos demais o que não gosta que lhe façam
  • NUNCA entregar mal feito e não testado.
  • SEMPRE documentar.

O momento de ficar sozinho… E trabalhar!

  • Trabalhar em equipe é também saber dividir tarefas.
  • O momento de concentração: o flow, estágio de máxima produção cerebral.
  • A dificuldade inerente da função: se tudo estiver pronto, não temos o que desenvolver.
  • Autosuficiência: sair perguntando tudo é ruim… e você parece burro.

Link para assitir o Webinar.

Creative Commons License

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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