Networking não é produto.

Você pode vender sua influência?

Vendendo os Amigos

Havia um cara que havia vendido sua vida inteira no e-bay. Não necessariamente a vida dele, pois após a venda ele continuou vivo, mas a vida que ele levara até então. O cara vendeu casa, carro, enfim, todos os bens. Até aí tudo bem.

Porém ele vendeu os amigos: ele apresentaria o comprador aos amigos próximos e a partir daí era com o comprador. Idem para o emprego.

MAS… O que isso tem a ver com Networking?

Tudo. Eu explico.

Networking tem valor.

Networking é uma entidade abstrata e extremamente útil.  O valor de um networking é diretamente proporcional a qualidade da relação que uma pessoa cultiva, com a imagem que ela demonstra.

Seja para fazer negócios, trocar favores ou recomendar um contato, o networking é uma ferramenta. E é justamente esta objetificação do networking que leva a uma péssima interpretação do mesmo. Você ser bem relacionado não vai servir para fazer você ganhar dinheiro. É preciso vender algum produto ou serviço através do networking.

Ser bem relacionado ajuda. Da mesma forma que os amigos não puderam ser vendidos (ou foram vendidos sem “garantia”), networking também não pode.

Networking não pode ser vendido.

Networking tem valor. Você até pode precificar ele. Mas não pode ser vendido.

É valioso, mas não pode ser capitalizado diretamente. Você não pode vender suas conexões. Você não pode transferir sua credibilidade a outrem. Você pode até dar garantias sobre atributos ou idoneidade de alguém, mas jamais poderá fazer com que uma pessoa confie em outra da maneira como ela confia em você; não interessa quanto você argumente.

Da mesma forma que o cara que vendeu sua “vida”, você pode, no máximo apresentar as pessoas. Pode até solicitar apoio de contatos em nome de outra pessoa. Ou seja: você até pode usar o networking para prestar algum serviço como consultor, intermediador de negócios ou até mesmo head hunting (e no linkedin, esses figuras são os menos interessantes de se ter na rede: a maioria NÃO faz networking algum), mas você não pode vender networking diretamente.

Então como monetizar seu networking?

Primeiro: tenha um networking.

Vou martelar de novo na mesma tecla.

A maioria das pessoas acha que por ter conhecidos, tem networking. Eu lanço o desafio: mande uma mensagem para um contato no linkedin. se, de 10 envios receber 6 respostas, você tem 60% de networking. E que tipo de mensagem?

Sugiro o template:

Olá <nome do contato>

Faz tempo que não conversamos! Entro em contato para <recordar, relembrar, sugerir, comentar, perguntar> sobre <recordação, lembrança, sugestão, comentário, pergunta>.

E como estão as coisas aí do seu lado? Mande notícias, vamos por o Linkedin para aproximar os contatos!

Abraço

<seu nome>

Eu tenho quase certeza que você vai precisar ler este meu artigo depois.

Usando o Networking

Bom, tendo o networking, aí sim você poderá monetizar ele. E a melhor maneira de monetizar um networking é ouvindo o que os demais tem para oferecer, vender, sugerir.

Um potencial contato seu está montando uma start-up? Porque não perguntar a ele como estão os negócios e, caso tenha alguém conhecido, recomendar o sujeito? Vender o produto dos outros faz você reforçar duas pontas do seu networking!

Em breve, você aumenta sua exposição, passa a ser percebido e passa a ser alguém que as pessoas procuram quando precisam de uma solução. Eventualmente, essa procura casa com uma habilidade sua. Pronto! Você pode vender algo, um serviço, um produto.

Pronto! Seu networking foi monetizado!

Mas o pior…

Tenho visto algumas agências digitais oferecendo serviços para turbinar a presença de empresas, produtos e profissionais em rede. Argumentos giram em torno da quantidade de conexões. Mas…

Normalmente, a visualização de algo não leva tempo. Já o consumo e o engajamento levam. A visualização de um CV, sem uma boa análise, não adianta muito, por exemplo.

Nenhum coach pode melhorar seu networking. É o tipo de caminhada que você tem que percorrer.

Senão, parece o anúncio de “venda de vida” no e-bay.

 

 

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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