Sobre Emprego e Empregabilidade.

Regras básicas sobre Empregabilidade.

A CLT, o INSS…

Muita gente tem me perguntado sobre as mudanças na CLT, como agir, o que esperar. Eu sempre acho que uma pessoa é responsável por sua própria carreira. Perguntas comuns:

  • Terceirização me fará perder o emprego?
  • E minhas garantias?
  • O que farei se não trabalhar com CLT?
  • O que vai impedir o mercado de me explorar?

Bom… Não existe resposta para essas perguntas. Então vamos avaliar algumas coisas que todo mundo deveria saber e não sabe, seja porque não foram ensinadas ou esqueceram.

1. Nenhum emprego é estável.

A CLT pode, teoricamente, proteger. Te dar direitos e deveres. PORÉM, se a empresa quebrar, seu patrão pagar tudo que você tem de direito e pedir falência, você está tão na rua quanto qualquer outra pessoa demitida.

Curiosamente, existem funcionários dentro das empresas que torcem contra o “enriquecimento dos donos”. Veja: antes de ver sua fortuna esvair-se em uma empresa não-lucrativa, o cara pode optar por pagar os direitos de todo mundo e por todo mundo na rua.

E aí, você faz o que com a CLT?

Mesmo empregos estatais estão sujeitos risco na medida em que um governo acaba endividado e não tem mais como arrancar ainda mais dinheiro da população. Veja o Rio de Janeiro e o Rio grande do Sul: estados falidos, que atrasam os pagamentos e azar do funcionalismo e os juros que pagam nas suas contas.

2. O que lhe garante emprego é sua empregabilidade

Aí você passa em um concurso e fica 10 anos sem pensar em carreira e networking (a maior prova: quantos concursados da Petrobras interagem no Linkedin?). Aí o estado começa a atrasar salários. O que acontece? Você paga juros nas suas contas e pensa em mudar de emprego. Só que ficou anos sem estudar e dificilmente passa em outro concurso.

Ou você entrou em uma multinacional e foi alvo de uma “reestruturação”. Logo você, que estava lá a 10 anos… Está na rua. Como você se safa?

  • Sendo atrativo para o mercado (atualização profissional, entender o que passa pelo mundo)
  • Networking (quem é visto, é lembrado)
  • Um bom histórico (saber no quê e em quê trabalhou)
  • Uma noção exata do seu valor (quanto seu trabalho vale)
  • No quê você vai agregar (para justificar o investimento da empresa)

3. A CLT só se aplica para quem está empregado.

Você não tem 13°, férias e 1/3 adicional quando recebe seguro desemprego. FGTS?

4. INSS só servirá para quem passou sua vida empregado.

Com ou sem reforma.

E torcendo para que no futuro, tenha gente suficiente para bancar a SUA aposentadoria.

5. O Governo não lhe garante um Emprego.

Repito: o governo não pode garantir seu emprego.

Mesmo que venha a tentar empregar todo mundo, em algum momento deve haver produção. O governo pode até tentar produzir algo (ou tentar produzir tudo, conforme o modelo Socialista), mas para garantir as suas receitas, quanto mais coisas o governo produzir, mais coisas do governo você é obrigado a consumir.

É uma questão de ideologia.

Porém, na iniciativa privada, que são a maioria dos empregos de hoje, o governo não pode lhe garantir nada.

6. Seu salário depende da sua Raridade e do quão o que você faz é necessário.

Da tirinha deste mês:

  • Necessário + Raro = Salário Alto
    • Exemplo: bons executivos.
  • Necessário + Abundante = Salário Baixo
    • Exemplo: professores.
  • Desnecessário + Raro = Salário Altamente Variável
    • Exemplo: qualquer função extremamente específica (programadores de Cobol, médicos de doenças raras…)*
  • Desnecessário + Abundante = Salário Nenhum.
    • Exemplo: gente preguiçosa.

Isso não tem nada a ver com sua formação, dedicação, interesse e etc.  Se salário é importante para alguém, é necessário que essa pessoa escolha, das coisas que ela gosta, algo que seja necessário e tenha pouca gente fazendo.

Só que achar isso não é a coisa mais fácil do mundo…

(* na tirinha, o termo usado foi inútil, mas utilidade depende muito da percepção de cada um)

7. Sua formação pode lhe tornar raro.

E se isso acontecer em uma função muito necessária, você tem emprego de bom salário.

Dado que no Brasil raramente transformamos em tecnologia útil a maioria estudos científicos avançados que fazemos, um doutorado serve mais para dar aulas em universidades que para ganhar mais dentro de uma empresa. Se ela lhe tornar raro, mas não servir para muita coisa, você não acaba ganhando mais, por isso.

Talvez para ser aprovado em um processo seletivo para universidade, para um cargo específico…

A indústria nacional é formada por seguidores de tecnologia, na maioria dos mercados.

8. Ganhos dependem do Risco, na carreira também.

O Salário aumenta conforme o risco:

  • Nenhum Risco: você é peão ou concursado.
  • Risco de Perder emprego com erro: técnicos.
  • Risco de perder o emprego por decisão ou ação: Gerentes.
  • Risco de perder patrimônio: Diretores
  • Risco de ser o diabo, explorador de trabalhadores e falir, se der errado, “para a vida”: empreendedores.

9. Trabalho e Emprego não são a mesma coisa.

Um empreendedor não tem emprego. Mas normalmente está abarrotado de trabalho. Um  funcionário está empregado e pode estar sem trabalho.

Trabalhar é executar uma atividade, com um fim, querendo algum resultado. Conheço gente que vai até o local de trabalho e fica tomando café, conversando e, frente a qualquer dificuldade, corre do serviço. Creio que muitos destes devem estar reclamando da perda de garantias.

A melhor garantia de emprego é trabalhar. MUITO.

Cabe a pergunta: você trabalha no seu emprego ou faz de conta?

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Sobre rftafas 183 Artigos
Ricardo F. Tafas Jr é Engenheiro Eletricista pela UFRGS com ênfase em Sistemas Digitais e mestre em Engenharia Elétrica pela PUC com ênfase em Gestão de Sistemas de Telecomunicações. É também escritor e autor do livro Autodesenvolvimento para Desenvolvedores. Possui +10 anos de experiência na gestão de P&D e de times de engenharia e +13 anos no desenvolvimento de sistemas embarcados. Seus maiores interesses são aplicação de RH Estratégico, Gestão de Inovação e Tecnologia Embarcada como diferenciais competitivos e também em Sistemas Digitais de alto desempenho em FPGA. Atualmente, é editor e escreve para o "Repositório” (http://161.35.234.217), é membro do editorial do Embarcados (https://embarcados.com.br) e é Especialista em Gestão de P&D e Inovação pela Repo Dinâmica - Aceleradora de Produtos.
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Fernando Luiz Cola
Fernando Luiz Cola
6 anos atrás

Excelente publicação Ricardo! Quanto mais eu conheço a realidade das empresas e do mercado de trabalho mais eu concordo com os pontos que você expôs. Posso falar da minha experiência, alguém que esforçou para entrar em um universidade pública pois imaginava que seria caminho mais “garantido” para conseguir um bom emprego e que, depois de sair pro mercado de trabalho, tomou(e ainda toma) vários choques de realidade. Acredito que há uma brecha bem grande na educação(não digo apenas educação formal mas a educação que se aprende no dia-a-dia e também culturalmente). Há uma visão generalizada e desfigurada sobre o que… Read more »